"Pedi pra mãe – me interna, to infeliz pra caralho.
Aquela velha história do amigo engarrafado me era completamente aplicável, não havia companhia melhor. Porque eu não desejava conversar, pessoas se preocupam demasiadamente e eu não precisava de especulações, conversas enfadonhas e repetir tudo o que estava acontecendo comigo. Não.
Eu não quero falar sobre isso. Isso o quê? Se eu tivesse noção do que era... Acontece que esses dias estão tortuosos e eu não desejo levantar-me daqui, a poltrona já adquiriu o formato do meu quadril e a TV me dá o entretenimento necessário para continuar trancafiada aqui. Sossego é o que eu quero. Desde que ele fora embora, eu ouço versos que me falam sobre amores arruinados, o coração já não bate, esquecera completamente o tal do Tum-tum-tum. Será que o coração bate assim? Há algum tempo que não sei como ele reage, porque os dias estão vazios. Sabe toda aquela ideologia de que é possível viver sozinho? Pois é. Acreditava nisso piamente porque ele estava ao meu lado, agora que se foi, tudo é cinza. E eu chorei um oceano inteiro essa noite. Eu precisava esvaziar. Porra eu preciso ser internada."
Caio Fernando Abreu
terça-feira, 31 de julho de 2012
segunda-feira, 30 de julho de 2012
o mais difícil é admitir que todas as coisas que planejei e vivi não passaram de ilusões. que todos os sonhos e certezas desabaram como que levados por uma onda de lágrimas. e por mais que eu tente me agarrar aos fios de esperança que sobraram eles vão se arrebentando um a um sem nenhuma compaixão.
eu amava beijar seus olhos e tinha certeza que éramos meio nino e amélie, distantes do resto do mundo, absolutamente nossos. sempre que você cantava uma música meu coração se enchia de cor e eu tinha certeza que era pra mim, só podia ser pra mim, cada uma delas e todas, afinal música alguma passava pelos meus dias sem que você estivesse em seus versos. achei romântico abrir mão de todas as outras coisas do mundo só por nós dois - na verdade nós três, nosso filho ocupa a maior parte de todos os meus planos.
e agora sou invadida por uma imensa e ridícula auto-piedade. tenho tanta dó do meu coração bobo e ingênuo, das minhas mãos que se sentiam tão seguras quando entre as suas, dos meus olhos que não ousaram procurar por nenhum outro par que não o seu, do meu corpo que se arrepiava só por ouvir sua voz. sinto pena de mim por ter pensado que não nos trairíamos nunca, nem em pensamento, porque não precisávamos disso, porque traição mancha tudo que toca e nós tínhamos cores tão vivas. a cada vez que te olho (sempre te olhei profundamente, agora evito) remoo cada palavra que feriu o que sinto, repito mentalmente sem me dar conta todas aquelas coisas que você disse pra outra pessoa (enquanto também dizia pra mim, não vê o quão cruel é isso?). minha vontade é de deixar essa dor rasgar meu peito, doer tudo que posso e tudo que preciso, chorar todas as lágrimas e gritar com todas as forças... e então te ver indo embora de mim, dos meus dias, das minhas certezas que agora não passam de dúvidas e medos. mas não. insisto. aprisiono toda dor, calo as mágoas e tento manter tudo bem quietinho aqui dentro. deixo as lágrimas molharem todo o rosto enquanto a água quente do chuveiro as esconde. ninguém consegue ouvir quando o choro é sentido e quase mudo, embora seja tão frequente.
tenho mais raiva de mim que de você. me sinto culpada por sofrer assim, por ter te dado tanto do que tenho e agora me sentir com buracos espalhados pelo corpo, pela vida.
não duvido da minha capacidade de amar - cresce agora aqui dentro o maior e mais bonito amor do mundo. e sei que posso amar outro homem (ou outra mulher) tão sincera e ingenuamente quanto te amei. mas não consigo acreditar que um dia eu vá deitar novamente no seu peito e aquietar o meu, sentir a tranquilidade de saber que somos tão um do outro que o resto é só o resto, ter certeza que a minha vida faz mais sentido por existir também a sua... e principalmente não doer tão fundo a cada vez que você me diz 'eu te amo' e não tenho vontade alguma de responder nada além de 'por que? e por quanto tempo?'
eu amava beijar seus olhos e tinha certeza que éramos meio nino e amélie, distantes do resto do mundo, absolutamente nossos. sempre que você cantava uma música meu coração se enchia de cor e eu tinha certeza que era pra mim, só podia ser pra mim, cada uma delas e todas, afinal música alguma passava pelos meus dias sem que você estivesse em seus versos. achei romântico abrir mão de todas as outras coisas do mundo só por nós dois - na verdade nós três, nosso filho ocupa a maior parte de todos os meus planos.
e agora sou invadida por uma imensa e ridícula auto-piedade. tenho tanta dó do meu coração bobo e ingênuo, das minhas mãos que se sentiam tão seguras quando entre as suas, dos meus olhos que não ousaram procurar por nenhum outro par que não o seu, do meu corpo que se arrepiava só por ouvir sua voz. sinto pena de mim por ter pensado que não nos trairíamos nunca, nem em pensamento, porque não precisávamos disso, porque traição mancha tudo que toca e nós tínhamos cores tão vivas. a cada vez que te olho (sempre te olhei profundamente, agora evito) remoo cada palavra que feriu o que sinto, repito mentalmente sem me dar conta todas aquelas coisas que você disse pra outra pessoa (enquanto também dizia pra mim, não vê o quão cruel é isso?). minha vontade é de deixar essa dor rasgar meu peito, doer tudo que posso e tudo que preciso, chorar todas as lágrimas e gritar com todas as forças... e então te ver indo embora de mim, dos meus dias, das minhas certezas que agora não passam de dúvidas e medos. mas não. insisto. aprisiono toda dor, calo as mágoas e tento manter tudo bem quietinho aqui dentro. deixo as lágrimas molharem todo o rosto enquanto a água quente do chuveiro as esconde. ninguém consegue ouvir quando o choro é sentido e quase mudo, embora seja tão frequente.
tenho mais raiva de mim que de você. me sinto culpada por sofrer assim, por ter te dado tanto do que tenho e agora me sentir com buracos espalhados pelo corpo, pela vida.
não duvido da minha capacidade de amar - cresce agora aqui dentro o maior e mais bonito amor do mundo. e sei que posso amar outro homem (ou outra mulher) tão sincera e ingenuamente quanto te amei. mas não consigo acreditar que um dia eu vá deitar novamente no seu peito e aquietar o meu, sentir a tranquilidade de saber que somos tão um do outro que o resto é só o resto, ter certeza que a minha vida faz mais sentido por existir também a sua... e principalmente não doer tão fundo a cada vez que você me diz 'eu te amo' e não tenho vontade alguma de responder nada além de 'por que? e por quanto tempo?'
quarta-feira, 25 de julho de 2012
morte em vida
Quando alguém que amamos nos decepciona muito é como se houvesse uma morte. A pessoa se desfaz ali, bem na nossa frente, e o que resta é muito pouco e muito vago. E então vem o luto.
Antes de levantarmos da cama, eu costumava fazer carinho em seu rosto e pensar o quão sortuda era por ter aquela oportunidade. Acordar com você assim, seu corpo abraçado ao meu, uma vida aqui dentro que é metade você e metade eu. E agora é difícil, é tão difícil! Abrir os olhos, ver você ao meu lado e não saber como controlar esses sentimentos tão controversos e bagunceiros aqui no peito. Ter uma mágoa tão grande que vai comendo meu coração devagarzinho. Um amor que chega a se sentir injustiçado por não ter tido a chance de se mostrar pleno e completo como era. Planos e sonhos que já não fazem assim tanto sentido. Um medo de tocar seu corpo e não me reconhecer mais ali, não conseguir me sentir sua e te sentir meu. Porque o que você quebrou era tão nosso, era tão único. E o que é único não pode ser reposto ou colado. Se foi pra nunca mais.
Olhar seus olhos e não mais sorrir como antes. Sentir sua mão passeando pelo meu corpo e me perguntar se queríamos mesmo - mesmo mesmo - estar ali. Tentar ouvir as batidas do seu coração e emudecer junto com o som que já não ouço mais.
E logo agora que tínhamos a vida inteira pela frente. Que teríamos nossa casa, nossa cama, nossas contas, nossas manhãs, nosso amor, nosso filho e nosso aconchego. Logo agora que o momento é tão nosso, que a vida se faz urgente sem ter a mínima pretensão de esperar. Agora que eu era tão sua, que você era tão meu. Que temos uma vida tão nossa que apavora.
Tenho medo que nos tornemos amigos que dividem a mesma casa. Medo que a confiança e a cumplicidade sejam artigos que só se adquire uma vez. Que o que fazia ser tão fácil te amar tenha se perdido de vez. Que o amor se canse de nadar sem esperança de um porto onde possa descansar.
Mas o que se há de fazer além de tentar? Refazer o que foi desconstruído, dar outra chance para nos re-conhecermos, me permitir ser reconquistada por alguém que tanto amei.
Há alguns dias, antes de dormir, eu pedia à Deus que me ajudasse a te esquecer, que você não passasse de uma boa lembrança de alguém que se foi. Agora eu peço que Ele me mostre como voltar a te amar como meu amigo, meu homem, pai do nosso filho, meu namorado, meu marido.
Que eu possa me encantar pelo menos mais uma vez pelo seu sorriso e que seu toque nunca mais me soe ofensivo. Que eu possa dizer que te amo como dizia antes, com o coração em festa. Que as mágoas acabem por se tornar nada mais que motivo pra aprendizado. Que a família que pretendemos ser dê certo, dê muito certo, por nós e pelo bebê tão amado que esperamos. Que saibamos aproveitar esse milagre chamado "recomeço" que a vida tem nos dado sem cobrar nada em troca. E que a vida que brota aqui dentro da minha barriga possa inspirar o renascimento de tudo aquilo que era e já não é mais.
Antes de levantarmos da cama, eu costumava fazer carinho em seu rosto e pensar o quão sortuda era por ter aquela oportunidade. Acordar com você assim, seu corpo abraçado ao meu, uma vida aqui dentro que é metade você e metade eu. E agora é difícil, é tão difícil! Abrir os olhos, ver você ao meu lado e não saber como controlar esses sentimentos tão controversos e bagunceiros aqui no peito. Ter uma mágoa tão grande que vai comendo meu coração devagarzinho. Um amor que chega a se sentir injustiçado por não ter tido a chance de se mostrar pleno e completo como era. Planos e sonhos que já não fazem assim tanto sentido. Um medo de tocar seu corpo e não me reconhecer mais ali, não conseguir me sentir sua e te sentir meu. Porque o que você quebrou era tão nosso, era tão único. E o que é único não pode ser reposto ou colado. Se foi pra nunca mais.
Olhar seus olhos e não mais sorrir como antes. Sentir sua mão passeando pelo meu corpo e me perguntar se queríamos mesmo - mesmo mesmo - estar ali. Tentar ouvir as batidas do seu coração e emudecer junto com o som que já não ouço mais.
E logo agora que tínhamos a vida inteira pela frente. Que teríamos nossa casa, nossa cama, nossas contas, nossas manhãs, nosso amor, nosso filho e nosso aconchego. Logo agora que o momento é tão nosso, que a vida se faz urgente sem ter a mínima pretensão de esperar. Agora que eu era tão sua, que você era tão meu. Que temos uma vida tão nossa que apavora.
Tenho medo que nos tornemos amigos que dividem a mesma casa. Medo que a confiança e a cumplicidade sejam artigos que só se adquire uma vez. Que o que fazia ser tão fácil te amar tenha se perdido de vez. Que o amor se canse de nadar sem esperança de um porto onde possa descansar.
Mas o que se há de fazer além de tentar? Refazer o que foi desconstruído, dar outra chance para nos re-conhecermos, me permitir ser reconquistada por alguém que tanto amei.
Há alguns dias, antes de dormir, eu pedia à Deus que me ajudasse a te esquecer, que você não passasse de uma boa lembrança de alguém que se foi. Agora eu peço que Ele me mostre como voltar a te amar como meu amigo, meu homem, pai do nosso filho, meu namorado, meu marido.
Que eu possa me encantar pelo menos mais uma vez pelo seu sorriso e que seu toque nunca mais me soe ofensivo. Que eu possa dizer que te amo como dizia antes, com o coração em festa. Que as mágoas acabem por se tornar nada mais que motivo pra aprendizado. Que a família que pretendemos ser dê certo, dê muito certo, por nós e pelo bebê tão amado que esperamos. Que saibamos aproveitar esse milagre chamado "recomeço" que a vida tem nos dado sem cobrar nada em troca. E que a vida que brota aqui dentro da minha barriga possa inspirar o renascimento de tudo aquilo que era e já não é mais.
das mudanças
Em menos de dois meses descobri que estou grávida do cara que pensei ser o homem da minha vida, saí da casa onde morava com alguém que amo demais e morei por 4 anos, vim morar na casa dos meus pais, assumi a gravidez pra eles e pro resto do mundo, mudei de emprego, comecei uma saga sem fim pra encontrar casa&todo o resto pra morar com o homem-da-minha-vida, descobri uma espécie de traição vinda dele, tive ódio, sofri, tô quase perdoando, desisti de morar junto, voltei atrás, passei uns sustos com a gravidez, virei bicho pra proteger minha cria e chorei muito mais de tristeza que de felicidade.
Não sei lidar bem com mudanças. Há de se perceber que os últimos meses não foram fáceis. Tive muito medo e pensei que não seria forte o bastante. Mas sou. Sempre fui.
É difícil explicar o quão solitária é essa nova caminhada. Tem uma vida aqui dentro de mim e, embora a participação do pai esteja sendo ativa e muito bonita, no momento esse coraçãozinho que bate aqui dentro depende só de mim. E de Deus, que redescobri nos últimos tempos e, como não poderia deixar de ser, me acolheu junto com todas as dúvidas e inseguranças.
E não sei se pelo bebê, por mim mesma ou pela vida que segue seu curso queiramos ou não, eu sei, bem lá no fundinho, que tudo há de dar certo.
Não sei lidar bem com mudanças. Há de se perceber que os últimos meses não foram fáceis. Tive muito medo e pensei que não seria forte o bastante. Mas sou. Sempre fui.
É difícil explicar o quão solitária é essa nova caminhada. Tem uma vida aqui dentro de mim e, embora a participação do pai esteja sendo ativa e muito bonita, no momento esse coraçãozinho que bate aqui dentro depende só de mim. E de Deus, que redescobri nos últimos tempos e, como não poderia deixar de ser, me acolheu junto com todas as dúvidas e inseguranças.
E não sei se pelo bebê, por mim mesma ou pela vida que segue seu curso queiramos ou não, eu sei, bem lá no fundinho, que tudo há de dar certo.
pra começar
As coisas não tem sido fáceis. Acho que parte disso vem de ter parado de escrever. Sempre foi um vício, uma forma de manter a sanidade quase controlada, de não perder totalmente o equilíbrio.
Parei, travei, engasguei. E as coisas foram se acumulando - acontecimentos, pensamentos, ódios, alegrias, pesares, mudanças mil.
Então decidi fazer esse outro blog, que não vai ser escondido e nem falar de um tema só (como pensei em fazer em relação à gravidez). Tem essa parte mais importante do mundo: a minha gravidez, o coraçãozinho que bate dentro do meu útero, um amor sem medidas que vem sendo gestado há mais ou menos dois meses. Mas tem mais um montão de outras coisas que não dá pra ignorar.
E tem sido assim, desse jeitinho mesmo: todo amor do mundo e o outro lado.
Parei, travei, engasguei. E as coisas foram se acumulando - acontecimentos, pensamentos, ódios, alegrias, pesares, mudanças mil.
Então decidi fazer esse outro blog, que não vai ser escondido e nem falar de um tema só (como pensei em fazer em relação à gravidez). Tem essa parte mais importante do mundo: a minha gravidez, o coraçãozinho que bate dentro do meu útero, um amor sem medidas que vem sendo gestado há mais ou menos dois meses. Mas tem mais um montão de outras coisas que não dá pra ignorar.
E tem sido assim, desse jeitinho mesmo: todo amor do mundo e o outro lado.
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